How Countzero Changed Me

Nem sempre é necessário contar uma história por meio dos pivôs do conflito que movem a narrativa. Mostrar ao leitor os acontecimentos por uma ótica subjetiva de personagens que não são os principais e que de certa forma não importam para o objetivo maior é um ótimo instrumento para manter o mistério.

Cyberpunk tem por esteriótipo a realidade opressora onde os que tem o poder podem fazer o que bem quiserem e os que não tem nada lutam entre si pelas sobras. Contudo o que diferencia esse livro é que aqueles que estão no poder são tão miseráveis quanto ou até mais, pois o uso da tecnologia torna-se uma dependência, ao ponto de que os próprios detentores dos recursos e da propriedade intelectual que lhes dão tal poder não conseguem usufruir das benesses. Para uma literatura cyberpunk, essa história é surpreendentemente humana

Nem tudo que brilha é ouro. Pode ser um black-ICE de uma IA pronto para te dar um flatline

Three-Sentence Summary

  1. Após os acontecimentos de Neuromancer, as IAs invadiram a matrix e agora manipulam o credo humano para conseguirem que façam suas vontades de ocupar corpos no mundo material.
  2. Um empresário muito rico e centenário precisa escapar de seu tanque criogênico para sobreviver. Então decide que pode viver como uma consciência digital e ocupar diferentes corpos, assim como as IAs. Para realizar tal tarefa, contrata diferentes pessoas para achar a origem dessas IAs, como uma curadora de arte e um mercenário para fazer furto de propriedade intelectual e talento empresarial de outras grandes coorporações tecnológicas.
  3. Seu plano dá errado pois as IAs já sabiam do que ele faria, e elas manipulam outros personagens para arruinar o empresário e o leitor acompanha a luta por sobrevivência desse personagens enquanto o estrato corporativo tenta ao máximo evitar o inevitável.

Notes

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Livro dois da trilogia Sprawl. Dessa vez aparentemente seguimos a história de três personagens ao mesmo tempo. Creio que eles estejam no mesmo momento da linha do tempo.

A primeira é uma mulher localizada na França que trabalha com artes para clientes da classe corporativa, uma espécie de curadora e/ou vendedora de artigos originais. A força motora de sua narrativa é a tarefa de achar uma peça de arte original a qualquer custo que lhe foi dada pelo constructo de um dos executivos de uma empresa a qual não me lembro mais o nome. O conflito atual que ela se encontra é que na sua última venda o artigo era falsificado, o qual foi adquirido por meio de um homem o qual ela mantinha um relação amorosa. Após ser incumbida com seu novo objetivo, esse mesmo homem voltou a entrar em contato com ela. Quero apostar que ele vai dar mais dor de cabeça a ela ao interferir nessa busca pelo artigo de arte.

O segundo personagem se trata de um “mercenário” ou um segurança privado que é do tipo que se chama para resolver crises de empresas grandes em operações que demandam discrição. Ele estava de férias e foi retirado enquanto estava na beira de praia para uma missão de extração. Não me lembro exatamente de quem eles estão extraindo ou se na verdade se trata de um resgate de um sequestro. Ou se ainda só se trata de espionagem corporativa. Realmente não lembro. No capítulo atual eles estão fazendo os últimos preparos para inciar a operação. O que me é confuso é a quantidade de equipamentos que eles estão utilizando para a missão, é uma dúzia de pessoas e eles têm até mesmo um Hosaka para hackear o sistema da empresa multinacional que eles vão atacar. Talvez tenha mais do que uma mera extração planejada…

O último personagem é quem dá o nome para o livro: Countzero. Ele é um aspirante a hacker, mas não no mesmo nível de habilidade que o Case no Neuromancer. Ele mora em um bairro paupérrimo do Sprawl onde a criminalidade é a única forma de subir na vida. Logo no início do livro ele usa um deck e acaba por dar um flatline. Não, não foi isso. Ele estava procurando um traficante e nessa procura ele acabou quase sendo vítima de latrocínio. Mas ele foi salvo por algumas mulheres que eram comparsas desse traficante. A parte importante é que, durante seus devaneio de quase-morte, ele entrou em contato com uma entidade que parece ser uma IA na matrix que se manifestava como uma mulher. Está ainda em aberto o que exatamente essa experiência foi e por que isso aconteceu com ele, mas o interesse parece ser comum pois o traficante demonstrou claro interesse na ocorrência uma vez que ele estava fora da mesa improvisada de cirurgia.

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Metade do livro: tudo explodiu e muita gente morreu. Aparentemente as coisas estão começando a se alinhar para o climax narrativo.

A operação do Turner deu toda errada e ele aparentemente teve um surto psicótico durante as atividades. Antes de matarem todos os integrantes da equipe com uma (o que até agora parece ter sido) mini-bomba nuclear e só sobrar ele, Turner estava tentando descobrir quem era o infiltrado de Conrad, não sei o porquê disso, eu tinha entendido que eles eram aliados. No ápice da neura eu transformou um dos integrantes em purê de carne, mas acabou que foi munição desperdiçada porque era a pessoa errada haha. Tanto para precisão e pragmatismo. Parece até o assassino vacilando na missão no filme The Killer do David Fincher. Mas a operação em si foi um sucesso, pois eles conseguiram extrair o alvo a salvo. Só não era quem eles esperavam ser. O plano era retirar um doutor do contrato vitalício que ele tinha com a Maas Biolabs para que ele pudesse trabalhar para a outra multinacional imperadora do universo do livro chamado Hosaka. Mas quem estava na nave de transporte acabou por ser sua filha, a qual aparentemente estava sendo usada como um rato de laboratório para experimentos não esclarecidos até momento, o que sei até o momento é que ela tem uns implantes cerebrais. No momento eles fugiram para a casa rural do irmão de Turner, e pelo o que entendi ele transou com a mulher do irmão, que também era uma prostituta? Hahaha confuso, eu não sei se é minha falta de foco ou a forma de escrever do Wiliam Gibson (ou ainda a tradução) mas estou tendo uma dificuldade mais alta que o comum de visualizar e acompanhar as descrições criadas, o que é uma pena porque tem muita coisa legal que consigo usar para o Imagetic References.

De qualquer forma, aparentemente o Turner está indo para o Sprawl que é onde o Countzero (aka Barry) está atualmente após o que aconteceu com ele ter sido esclarecido. Talvez o mistério da menina seja explicado justamente com o motivo pelo qual o Count foi quase morto. Assim como a menina, Barry também estava sendo usado como rato de laboratório. O traficante Two-a-Day na verdade trabalhava para uns cowboys de deck de elite como o Case, e eles tinham um esquema que o traficante dava uns software para pessoas jovens e com aspirações maiores que o ego como o Barry para que eles testassem esses softwares para os cowboys. Acabou que o Barry ganhou o ticket dourado da vez, pois tratava-se de uma IA com um black-ICE bem forte, o que foi a razão dele ter dado flatline. O problema é que ele teve esse software roubado dele quando foi esfaqueado. Como consequência, as partes interessadas pela IA destruíram a casa dele e mataram a sua mãe junto (coisas que sinceramente não me lembro de ter lido quando aconteceram, só que mencionaram depois na história).

A parada ficou interessante quando eles, o Barry e esses cowboys voduístas, foram até o Finlandês, mesmo que ajudou o Case e a Molly no Neuromancer. Nessa parte que é possível entender um pouco as consequências do final do livro I, com o Wintermute e o Neuromancer se fundindo em uma IA só. Aparentemente, após dois anos, a matrix está um caos, com uns fenômenos muito esquisitos, não especificados pelo Finlandês, mas claramente exemplificado com a origem do software que ele vendeu para o cowboys voduístas, que dá uma ideia para onde as coisas estão indo com a relação humanos-IAs. Aparentemente quem deu o software para o Finlandês foi um outro cowboy lendário que chegou a trabalhar com o Flatline, só que ele ficou insano. Ele começou a tratar a matrix como uma deidade e foi para a órbita do planeta onde, segundo ele, poderia ficar mais próximo de deus pois na crosta terrestre havia muito estática. Ele ficava enviando coisas para o Finlandês de vez em quando, softwares principalmente, mas também umas coisas aleatórias dentro de uma caixa, o qual depois eram vendidas como arte moderna para a classe rica do Sprawl.

Então acabou que o artista que a Marly estava procurando não era bem um artista e ele nem está na Terra. Eu errei muito feio na minha previsão sobre o ex-namorado dela. Ele acabou sendo assassinado ou cometeu suicídio em um apartamento bem abandonado de Paris e a Marly o encontrou morto quando foi ao seu apartamento para pagar o dinheiro da extorsão em troca de informações sobre o artista. Ela no final ganhou a informação de qualquer forma pois ele havia anotado algo em uma maço de cigarro, mas também ganhou o trauma de brinde. No momento ela está indo até o local indicado pelo maço de cigarro, fugindo precipitadamente dos capangas do seu contratante. Aparentemente essa fuga a levará para órbita do planeta.

Tudo está começando a se conectar aos poucos, está ficando interessante. Vou apostar que a Marly vai encontrar com esse cowboy lendário, ele provavelmente será levado de volta para terra. Já quanto ao software não tenho certeza qual será seu destino, mas creio que o objetivo da Maas com o experimento era preparar a garota para ser o receptáculo dessa IA criado por esse cowboy. Não sei qual é o futuro do Count nisso tudo também. É, ainda bem que não sou nenhum oráculo, seria péssimo nesse trabalho.

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ACABOU!!!

Resultados: Todos os personagens se encontraram em um bar no Sprawl, com exceção da Marly, que conseguiu encontrar com o Cowboy louco e achou o artista das caixas. Angie e Turner ficaram a salvos depois da fuga inusitada, e o Count fez uma incursão que resultou na morte do antagonista principal da história: Josef Virek.

A maioria das minhas dúvidas foram esclarecidas, o que aconteceu é que esse bilionário (ou talvez até trilionário) estava em um tipo de tanque criogênico que permitia que ele estendesse sua vida, porém toda carne eventualmente morre, por mais que se tente conservá-la e esse era o seu caso, ele estava no limite que a tecnologia permitia sua sobrevivência. Desesperado, ele encontrou uma solução em uma tecnologia que não havia sido criada no mundo do Sprawl, que dava a capacidade de se imortalizar a consciência digitalmente. Esse era o biosoft que se tanto buscava e que foi entregue ao Countzero.

Não ficou clara a origem dele. Inicialmente tinha entendido que o Cowboy lendário tinha criado ele de alguma forma. Depois achei que o doutor Mitchell (o que faria a deserção da Maas Biolabs) era o criador, já que ele que tinha criado todo experimento na sua própria filha para fazê-la um receptáculo para a entidade que estava no biosoft. Mas minha teoria é outra atualmente.

Nesse biosoft havia uma IA, que na verdade eu creio ser o resultado da fusão entre o Neuromancer e o Wintermute, só que dessa vez eles se apresentam como loas da religião vudu, o Samedi e o Legba. Acho que motivo principal era para conseguir manipular mais facilmente os humanos para fazer suas vontades. Acho muito legal essa exploração cultural que o Gibson fez, bem diferente do que se espera de literatura norte-americana que foca tradicionalmente em personagens brancos e de cultura eurocêntrica.

Quem realmente criou essas IAs foi a filha (que foi apresentada no Neuromancer) do dono da Tessier-Ashpool, conglomerado o qual entrou em crise e está em ruínas.

No livro é, por mais que não se entre nos detalhes de como essas IAs realmente operam, é possível sentir o quão diversificada cada uma dessas partes dessas IAs estão se tornando pelo contraste entre essas IAs que se passam por deuses e a IA que era a artistas que a Marly estava procurando. Aparentemente elas eram uma só, mas agora fragmentadas e populando a matrix, elas tem ambições diferentes. No caso de Samedi e Legba é achar uma forma de andar no mundo dos humanos por meio de um receptáculo, Samedi usava Angie e Legba usava Jackie (a tal da Danbala no vudu). Por outro lado, a IA artista só tinha como propósito criar caixas com os itens que a cercava na gravidade zero.

Acho que é muito provável que essas IAs do biosoft manipularam, assim como foi visto que Wintermute era capaz, os pesquisadores da Maas. Mitchell provavelmente entendeu o que estava acontecendo e tentou se livrar de tudo, enviando o biosoft para o cowboy louco que ficava em órbita e tentando salvar a filha a qualquer custo, ao ponto de ter se suicidado para garantir sua fuga.

Josef Virek, com os recursos de seu império, soube de tudo o que estava acontecendo e pensou que se uma IA era capaz de viver na Matrix e ocupar corpos humanos, assim ele também poderia o fazer. Por isso ele queria tanto achar o biosoft e angie. Ele havia contratado Conroy inicialmente para ajudar na extração do doutor e Conroy decidiu maquiar tudo como uma extração corporativa mal sucedida, por isso que matou todos os outros contratados com uma bomba eletromagnética ou algo do gênero. Mas ninguém esperava que Mitchell tivesse seus próprios planos. Que sinceramente nem sei se faz muito sentido do ponto de vista lógico dele.

Mas enfim, acabou que Conroy que ficou encarregado de achar a garota para Virek, mas Turner conseguiu acabar com o plano dos dois com a ajuda do Count e uma cowboy chamada Jaylene Slide, que era amiga do cowboy que morreu na emboscada da extração. Count fez uma incursão na matrix e passou a informação para Jaylene e ela se vingou matando Conroy, mas antes de isso acontecer, as IAs quebraram o ICE do sistema de Virek, mas isso resultou no flatline da Jackie. O sacrifício dela não foi em vão pois Samedi matou Virek ao possuir o Count dentro do constructo de Virek.

Com a morte de Virek, Marly estava livre do seu contrato. Sabe-se lá como ela desceu de órbita, se é que desceu, não ficou claro o que ela fez depois, mas todo o dinheiro foi para sua conta bancária devidamente. Quanto a Angie e Count, os dois voltaram para os Projetos e depois aparentemente viraram contratados da indústria de entretenimento, já que Angie estava sendo mentorada para se tornar uma atriz e como agora eram namorados, ele foi junto. Um detalhe, aparentemente a mãe dele não estava morta, ele havia saído de casa antes da explosão.

O arco mais legal foi o do Turner. Ele sempre falava que sempre voltava para a vida de mercenário dele, que era constante, quase como os esquilos sempre voltavam para tomar um tiro dos caçadores no bosque de sua casa. Mas após a experiência que teve com a Angie, imagino que ele criou um senso paterno, pois seu desfecho foi voltar para a casa rural de seu irmão, agora falecido devido a um ataque de Conroy, e criar a criança que a Sally teve, só não se sabe de quem exatamente é o filho, dele ou do irmão, mas tudo indica que seja de Turner já que os dois ficaram juntos por uma noite antes de ele e a Angie ir embora.

Outro personagem que não teve desfecho por enquanto foi o Finlandês, ele desapareceu depois das coisas ficarem perigosas em Nova York. Terei que ler Monalisa Overdrive para ver como que será o destino do mundo com as IAs agora podendo andar entre humanos.